quarta-feira, 11 de abril de 2012

Conversa sobre contos #1


   Resolvi mudar um pouco a temática do blog, creio que só artigos de opinião não serão algo que chame a atenção de todos, afora que os textos estão ficando cansativos pra se ler, além de que minha opinião pessoal nem sempre vale alguma coisa.
   Esses dias atrás me veio uma idéia de um textos mais parecido com um micro-conto à cabeça, e pensei, por que não, é algo tão interessante, vamos ver no que dá.
   Portanto sem mais delongas, aqui vai o texto ainda meio cru, e como é o primeiro a aprovação dos meus 5 leitores fiéis deve servir pra algo.

   Às vezes ele se pega pensando como seria a vida se tivesse aproveitado momentos anteriores com maior intensidade, pensa na garota hoje casada e com filhos que ele perdeu a chance de beijar, mesmo sabendo que tinha muitas chances de não levar fora nenhum.
   Ele nota que mesmo hoje em dia sempre sofre da mesma coisa, não com as mesmas proporções românticas que tinha nos seus anos de juventude, agora nota que tem medo das perdas, e das magoas que isso pode lhe causar, mas o pior ele é pensar que é alguém que ninguém sentirá falta.
   Nota que é sempre presente quando os amigos precisam, e às vezes até nota que isso os incomoda, mas percebeu também que ninguém nunca se importa com o porquê ele está triste ou o porquê ele não está vendo nada durante a aula, ou mesmo por que anda tão calado.
   Mas mesmo se sentindo tão desprezado e usado assim, ele vê que vai sentir falta quando aquilo acabar, a faculdade é só uma passagem, nada dura pra sempre, nada e ele sabe disso.
   Por isso achou que ninguém ia notar o dia em que ele resolveu dar fim naquilo tudo, mas seu instinto de nunca magoar ninguém, e também o ultimo fio de esperança talvez de que alguém o notasse o fizeram seguir o dia seguinte normalmente, foi trabalhar, porém ficou calado o dia todo, conseguiu adiantar o trabalho de uma semana, ao sair foi para casa tomou um banho e foi para a faculdade, tinha aquilo como um rito de despedida, algo próprio, que ninguém mais notaria.
   Ao sair da faculdade porém não tomou seu rumo costumeiro para casa, pegou sua mochila e seguiu a pé pelo campus, após horas andando por ali resolveu ir para casa, lá também ninguém notou quando ele chegou e foi para o seu quarto, pensou consigo mesmo – amanhã terão uma surpresa – e assim o fez, dormiu com a certeza de não acordar no dia seguinte, talvez os remédios que tomou fizessem efeito, ou só morreria afogado no próprio vômito sem ninguém pra socorre-lo, na verdade não se importava.
   Ao amanhecer sua mãe entra no quarto e o chama, ao notar que não se mexe entra em desespero, chama por socorro, mas já é tarde demais, ele havia conseguido o que queria.
   Na verdade foi mais ou menos como ele esperava, as pessoas sentiram sua falta no começo, mas logo se acostumaram, e sua morte acabou sendo eternizada somente por uma nota pequena em um noticiário local como um acidente, já que ninguém entenderia por que um suicida continuaria sua rotina diária sem deixar nada explicando os motivos, mas ele não era um suicida comum, não queria atenção de ninguém, na verdade ele só estava cansado da falta dela.

4 comentários:

  1. É meio triste, porém tocante.
    Acho que muitos já sentiram algo parecido com isso.
    Continue com mais contos. Gostei muito.

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  2. Me lembrou os tipos de suicídio de Durkheim... Já é o segundo texto sobre isso que leio hoje, será um incentivo do destino para eu por fim a essa porra de vida sem sucesso? hahahaha

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  3. É possível perceber porque só tem 5 leitores fiéis.

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  4. Acabou de ganhar mais um leitor Abel !

    Você realmente entendeu o conceito de um blog: escrever !

    E seu conto está malancólico e dark.. Boa !

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